Glaucoma
O que é glaucoma?
O glaucoma é uma doença ocular crônica que pode ser causada por múltiplos fatores e provoca lesões no nervo óptico (responsável por levar as imagens do olho até o cérebro) e perda progressiva do campo visual.
Nas suas fases iniciais, a doença é silenciosa, sem sintomas, o que retarda seu diagnóstico. O portador de glaucoma, se não tratado adequadamente, começa a perder a visão periférica (consegue enxergar bem os objetos à sua frente, mas não o que está nas laterais).
Nos estágios mais avançados da doença, a visão central também é atingida, podendo levar a cegueira irreversível. Quanto mais cedo a doença for diagnosticada e tratada, maiores são as chances de se evitar a perda da visão.
“Estima-se que 50% dos pacientes com glaucoma ainda não saibam que tem a doença.”
“33% das pessoas que procuram pela primeira vez o setor de Glaucoma em um hospital público já apresentam cegueira em pelo menos um dos olhos!”
“O Glaucoma não possui cura mas sim controle para evitar a perda visual progressiva e a cegueira.”
“No mundo cerca de 330 pessoas ficam cegas diariamente por causa do Glaucoma.”
Quais as causas do Glaucoma?
Na maioria dos casos, o surgimento do glaucoma é acompanhado do aumento da pressão ocular. Quando não tratada adequadamente, a pressão ocular elevada pode danificar o nervo óptico e levar a perda da visão periférica.
Encontra-se também casos em que pacientes não apresentam um aumento da pressão intraocular, mas mesmo assim o glaucoma está presente. Trata-se de um tipo de glaucoma denominado glaucoma de pressão normal.
O interior do olho contém um líquido (chamado de humor aquoso) em constante circulação. Este líquido é produzido constantemente, e não se acumula por que é escoado através de uma região denominada ângulo da câmara anterior.
Quando este escoamento diminui, há um acúmulo desse líquido, que aumenta a pressão dentro do olho. O glaucoma ocorre quando essa pressão danifica o nervo óptico, prejudicando o envio dos estímulos visuais ao cérebro.
Quais os Sintomas do Glaucoma?
Em geral o glaucoma não apresenta sintomas. Por isso você deve consultar regularmente seu oftalmologista que fará diversos exames.
O glaucoma pode levar meses e até anos para se desenvolver, sem apresentar qualquer alteração. Na maioria dos casos, a doença progride lentamente, sem que o paciente note a perda gradual da visão periférica. Normalmente, a visão vai piorando das laterais para o centro do campo visual.
Importante: consulte seu oftalmologista periodicamente, de preferência especialista em glaucoma, e faça a prevenção!
Diagnóstico do Glaucoma
O glaucoma pode ser diagnosticado a partir de exames oftalmológicos.
Na maioria dos pacientes, o nervo óptico pode ser examinado de imediato, quando se observa o interior do olho com um instrumento chamado oftalmoscópio, durante o exame de fundo de olho.
Apesar de serem muitas as doenças que afetam o nervo óptico, a lesão causada pelo glaucoma tem um aspecto característico que permite ao médico detectar a sua existência. No glaucoma, as fibras nervosas estão danificadas e desaparecem, deixando uma escavação maior do nervo óptico.
Entre os exames utilizados para a confirmação do diagnóstico do glaucoma estão:
Exame de campo visual (campimetria);
Tonometria (pressão intraocular);
Exame do disco óptico (fundo de olho);
Gonioscopia (avaliação do ângulo);
Paquimetria (avaliação da espessura da córnea);
Retinografia (foto da retina e do nervo óptico);
Tomografia de coerência óptica (imagens optimizadas das camadas da retina e do nervo óptico).
Outros exames mais sofisticados são necessários apenas em casos mais específicos. É importante realizar regularmente os exames solicitados pelo oftalmologista para verificar se houve aumento da lesão causada pelo glaucoma.
Tipos de Glaucoma
Glaucoma crônico de ângulo aberto:
80% dos casos de glaucoma são do tipo crônico de ângulo aberto. Apesar de não apresentar sintomas, deve ser tratado o quanto antes para evitar o risco do paciente sofrer redução grave ou perder totalmente a visão com o tempo.
Glaucoma agudo de ângulo fechado:
No glaucoma agudo, ocorre repentinamente um aumento da pressão intraocular, causando dores oculares tão intensas que podem acarretar em crises de vômito. Outros sintomas comuns são visão embaçada e vermelhidão ocular. Este tipo de glaucoma é um caso de emergência clínica, pois os sintomas são súbitos e se não tratado o paciente corre o risco, em apenas um ou dois dias, de agravamento da visão e até mesmo à cegueira.
Glaucoma de pressão normal:
Este tipo de glaucoma ocorre em pacientes com a pressão intraocular normal causando inesperadamente danos ao nervo óptico e estreitamento da visão lateral. Tanto nos casos de glaucoma de ângulo aberto como de pressão normal, o paciente não apresenta sintoma algum.
Glaucoma Secundário:
É o Glaucoma decorrente de outras doenças oculares que interfiram com a drenagem do líquido interno do olho (humor aquoso).
Podem estar associados a:
Cirurgias oculares;
Cataratas avançadas;
Lesões (traumas) oculares;
Alguns tipos de tumores;
Uveítes (inflamações oculares);
Uso indiscriminado de corticosteróides;
Retinopatia diabética;
Oclusões vasculares da retina.
Glaucoma Congênito:
O Glaucoma congênito é uma doença rara, hereditária e geralmente apresenta sintomas característicos:
globo ocular aumentado;
córnea grande e opacificada;
olhos embaçados;
sensibilidade à luz;
lacrimejamento excessivo
Ocorre pela má formação ocular da criança, afetando o bebê desde o nascimento até, aproximadamente, 3 anos de idade. O pediatra pode fazer este diagnóstico.
Essas alterações são decorrentes do aumento da pressão intraocular que pode acontecer já durante a gestação.
O tratamento sugerido é a cirurgia que, caso seja feita precocemente, pode apresentar bons resultados.
Tratamento
O glaucoma é uma doença que não tem cura, porém existe uma série de tratamentos que são capazes de retardar o seu avanço.
Medicação
Os medicamentos são eficazes na redução da pressão intraocular na maioria dos casos. Em geral, os colírios são bem aceitos pelo organismo, ao contrário das medicações via oral que apresentam diversos efeitos colaterais.
Nos casos em que apenas um medicamento ocular não produz o efeito esperado, é comum a combinação de vários remédios para diminuir a produção de líquido e aumentar a sua drenagem. No entanto, para que o oftalmologista chegue a essa conclusão, é necessário que o paciente se submeta a várias consultas.
A eficácia do tratamento com colírio depende da disciplina do paciente. Estudos comprovam que menos da metade dos pacientes com glaucoma utiliza as gotas de acordo com a recomendação médica.
Nos casos em que os colírios não são suficientes para o controle da pressão intraocular são indicados o tratamento a laser ou comprimidos. A medicação via oral deve ser usada com muito critério, pois entre os diversos efeitos colaterais que podem causar está a perda de potássio. O paciente que faz uso de comprimidos deve aumentar o consumo de alimentos que contenham potássio, por exemplo, frutas secas, agrião, banana, cenoura crua, rabanete, tomate, batata, morango, carne magra, etc.
Laser
O tratamento à laser é indicado para casos em que o tratamento com colírio ou medicação via oral não controlam a pressão intraocular. Porém, mesmo após a cirurgia, o paciente deve continuar a terapêutica com medicamentos.
Tratar o Glaucoma com laser é um recurso utilizado para diversas formas da doença, com diferentes finalidades e tipos de tratamento. Os casos devem ser individualizados. A cirurgia pode ser feita no consultório, em apenas 15 ou 20 minutos. Trata-se de um procedimento relativamente indolor.
Trabeculoplastia Seletiva a Laser: É o procedimento à laser indicado para glaucoma de ângulo aberto. Na trabeculoplastia a laser, o laser é utilizado para aumentar o dreno da rede trabecular para facilitar o escoamento do líquido (humor aquoso) e, consequentemente, controlar a pressão intraocular.
Iridotomia/Iredectomia a laser: É o procedimento indicado para glaucoma de ângulo fechado. Na Iridotomia, são feitos, via laser, uma série de “furinhos” na íris. Desta forma, o humor aquoso (líquido do olho) é drenado para fora da íris, escoando para a malha trabecular.
Ciclofotocoagulação: Este procedimento a laser tem como objetivo reduzir a produção de humor aquoso (líquido intraocular) tratando o epitélio (camada mais superficial) do corpo ciliar (estrutura localizada atrás da íris que é responsável por produzir humor aquoso). É reservado para pacientes com glaucoma em estágio terminal, que apresentam pressão intraocular elevada mesmo usando terapia convencional e/ou vários tratamentos cirúrgicos. Também é utilizada em olhos cegos dolorosos. Novas técnicas deste procedimento estão sendo estudadas para uso em pacientes com glaucoma menos severo, em especial a técnica por meio de endoscopia (endociclofotocoagulação) e novos aparelhos de laser (micropulso).
Cirurgias Antiglaucomatosas
A cirurgia para glaucoma, assim como os outros tratamentos, não cura a doença nem recupera o campo de visão que já foi afetado. No entanto, é capaz de reduzir a pressão intraocular e controlar a progressão do glaucoma.
Dentre elas, temos:
Trabeculectomia (TREC);
Implante de dispositivo de drenagem (ex.: Tubo de Ahmed etc.);
Cirurgias Minimamente Invasivas para Glaucoma (ex.: GATT, Kahook, IStent etc.).